Shakira e UNICEF apelam a líderes para que se unam à revolução da primeira infância
200 milhões de crianças não estão conseguindo atingir seu potencial de desenvolvimento
Nova Iorque, 22 de setembro de 2015 – A cantora colombiana Shakira,
embaixadora do UNICEF, pediu aos líderes globais que invistam fortemente
no desenvolvimento infantil. O apelo foi inspirado em novas tendências
na ciência, que estão criando uma mudança revolucionária em nossa
compreensão dos efeitos duradouros da privação e estresse sobre o
cérebro em desenvolvimento de crianças pequenas.
"Mais de 100 milhões de crianças estão fora da escola e 159 milhões
de meninos e meninas menores de 5 anos estão física e cognitivamente em
atraso de crescimento devido à falta de cuidados e nutrição adequada. A
cada ano que passa sem que façamos um investimento significativo no
desenvolvimento infantil e em iniciativas relacionadas a essa questão,
milhões de crianças vão nascer no mesmo ciclo de pobreza e falta de
oportunidade. O UNICEF e eu unimos forças e estamos aqui hoje porque
investir desde o início na infância é um assunto urgente e não há tempo a
perder", disse Shakira.
O desenvolvimento do cérebro é mais intenso durante a primeira
infância, com cerca de 1.000 conexões neurais acontecendo a cada
segundo. Essas conexões sinápticas iniciais formam a base da saúde e do
bem-estar da criança, incluindo sua capacidade de aprender, adaptar-se
às mudanças e lidar com a adversidade ao longo da vida. No entanto,
quase um terço de todas as crianças menores de 5 anos de idade em países
de baixa e média renda está crescendo em ambientes e situações que
podem interferir nesse período de rápido crescimento e desenvolvimento.
Nova pesquisa científica mostra que os cérebros em desenvolvimento de
crianças pequenas são influenciados tanto por fatores ambientais quanto
por genética. Alimentação inadequada, falta de estímulo e estresse
tóxico podem ter um impacto negativo sobre o desenvolvimento do cérebro.
Mas mostra também que, no início, intervenções de baixo custo, tais
como incentivar a amamentação ou ler e brincar com as crianças, bem como
programas formais de educação precoce, ajudam no desenvolvimento
saudável do cérebro.
Esses resultados têm implicações significativas para as crianças que
crescem em situação de extrema pobreza, expostas à violência doméstica,
ou em países afetados por conflitos e outras crises. E esses efeitos
sobre o cérebro em desenvolvimento podem efetivamente alterar a
expressão genética, afetando potencialmente a geração seguinte.
"O que estamos aprendendo sobre todos os elementos que afetam o
cérebro de uma criança – quer seu corpo esteja bem nutrido, quer sua
mente seja estimulada, quer ela esteja protegida da violência – deve
mudar nossa maneira de pensar sobre desenvolvimento infantil... e de
como agir", disse o diretor executivo do UNICEF, Anthony Lake. "Para dar
a cada criança uma oportunidade justa na vida, precisamos investir
cedo, investir equitativamente e investir de forma inteligente – não só
na educação, mas na saúde, na nutrição e na proteção."
Cada vez mais, as evidências apontam para o investimento na primeira
infância como o mais rentável para se alcançar o desenvolvimento
sustentável. Um estudo relacionou o aumento do número de matrículas na
pré-escola em 73 países com maiores salários futuros: de US$6 – US$17
por dólar investido, indicando potenciais benefícios de longo prazo, que
variam de U$11 bilhões a US$ 34 bilhões.
As relações custo-benefício mostram que, para cada dólar gasto em
melhorar o desenvolvimento infantil, os retornos podem ser, em média, de
quatro a cinco vezes o valor investido e, em alguns casos, muito mais
elevado.
Shakira estava acompanhada pelo secretário-geral da Organização das
Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, o diretor executivo do UNICEF, Anthony
Lake, o diretor do Centro de Desenvolvimento da Criança da Universidade
de Harvard, Jack P. Shonkoff, e líderes empresariais em um evento
privado sobre desenvolvimento infantil, na sede da ONU, em Nova Iorque.
Esse evento precede o anúncio, nesta semana, dos novos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), que incluirão oficialmente o
desenvolvimento infantil como parte da agenda transformadora a partir
deste ano. O desenvolvimento infantil proporciona uma ligação natural
entre as novas metas globais, produzindo um efeito multiplicador que
pode ajudar a combater a pobreza, melhorar a saúde e nutrição, promover a
igualdade de gênero e reduzir a violência.
"Transformar esse novo entendimento em ação pode ser uma mudança de
vida para os milhões de crianças mais desfavorecidas", disse Lake. "O
conhecimento é irrefutável. O argumento moral é forte. A questão do
investimento é persuasiva. O momentum ODS está conosco. E o poder de
agir está em nossas mãos".
Sobre o UNICEF – O Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF) promove os direitos e o bem-estar de cada criança em
tudo o que faz. Com seus parceiros, trabalha em 190 países e territórios
para transformar esse compromisso em ações concretas que beneficiem
todas as crianças, em qualquer parte do mundo, concentrando
especialmente seus esforços para chegar às crianças mais vulneráveis e
excluídas.
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Na foto acima: Jack Shonkoff, diretor do Centro de
Desenvolvimento da Criança da Universidade de Harvard; Anthony Lake,
diretor executivo do UNICEF; Yoo Soon-taek, esposa do secretário-geral
da ONU; Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas; Shakira,
embaixadora do UNICEF; e Matthew Bishop, editor e chefe da sucursal da
The Economist em Nova Iorque.